9 de setembro de 2008

tarja preta, não!

tenho passado mal os últimos dias. estou insone e, a cada aborrecimento - mínimo que ele seja -, meu estômago põe para fora até o conteúdo que não se encontra nele. aparentemente, esses são dois sintomas que não cabem em nenhuma doença conhecida... e, intrigada com isso, procurei meu médico.

- o cabelo está caindo?
- não sei... talvez um pouco mais do que o normal...
- e você tem sentido vontade de chorar?
- sim, sim... freqüentemente.

a expressão dele é de que eu não conseguia perceber o mais óbvio. essas alterações que, aparentemente, não têm ligação entre si, fazem muito sentido quando o assunto é um tal de "stress".

"stress", por definição, é a soma de respostas físicas e mentais de uma incapacidade de distinguir entre o real e as experiências e expectativas pessoais. ou seja, no português bem claro: carga emocional demais para um organismo de vinte e três aninhos, no meu caso. e, embora as pessoas tenham em mente essa idéia de que "stress" está diretamente relacionado a problemas de trabalho, dinheiro e situações dessa mesma linha, o meu é de outra ordem.

eu sei que parece estranho tentar apontar exatamente o que me "estressa", assim aportuguesado mesmo. mas eu tenho uma leve suspeita de que tudo isso tem a ver com essa sensação de abandono, de solidão, que eu venho sentindo... essa solidão horrorosa do mundo, de estar rodeada de tantos e, ainda assim, não ter nenhum consigo.

para "corrigir" esse mal, um anti-depressivo leve. fiquei alarmada. o termo "anti-depressivo" me assustou... pensaria em chás, massagens, fins de semana tranqüilos, livros e filmes... mas jamais em remédios "para curar a tristeza", segundo o senso comum. assustei-me. estou olhando para a receita controlada, ela para mim... e decidi que, de algum modo, prefiro continuar tendo dos meus chororôs do que tomar "isso".

pode até não ser o mais indicado a se fazer, mas eu fico aqui me convencendo de que esse "stress" meu aí vai passar. eu fico repetindo, como num mantra, que as pessoas vão perceber o quanto eu preciso de um pouquinho de mais carinho e de mais atenção e que, quando isso acontecer, eu vou dormir, comer e trabalhar melhor.

é isso, na minha opinião, que cura qualquer "stress" humano: carinho e atenção. e eu, que adoro mimar os outros, me encontro numa posição em que preciso de mimo... ou, então, de um anti-depressivo leve, segundo meu médico. prefiro contar com a primeira opção. prefiro contar com a bondade no coração dos meus amigos, com a capacidade do meu namorado de perceber que eu mereço um pouquinho mais de espaço na vida dele, com o bom senso da minha família de que quem ficou vivo precisa mais de cuidado do que quem foi para algum lugar melhor.

tarja preta? sai p'ra lá!