14 de janeiro de 2008

poema para pensamentos angustiantes.

vou me abrir para o mundo
deixar que este me violente
os meus sonhos são pedaços, apenas
de uma alegria descontente e descontentada
de uma esperança já esquecida, amargurada
de um silêncio sem fim

vamos dormir agora nessa imensa solidão afã
quem sabe, por fortuna nossa, não acordemos amanhã

e que nos levem pelas mãos as parcas, as carontes, os barqueiros
aqui nada mais nos pertence que essa vontade de partir, urgente
que esse medo ungindo nossos pensamentos, nossas atitudes
que esse gosto amargo, esse suor, esse sangue, esse cigarro
que essa maledicência, essa indecência, essa sacanagem
que essa sujeira, essa besteira, essa fome, essa sede insaciável
que esse desejo, essa volúpia, essa nossa pouca vergonha

morramos aqui, ardendo em nossas peles
ardendo perenes no que realmente somos
um par de humanos degradados e vis
ardendo na nossa luxúria descompassada
ardendo no sexo, no impreciso amplexo

eu já não pergunto mais quem tu és
tanto faz.