18 de janeiro de 2008

poema para a ana (a partir de ana cañas)

dois olhos, uma boca
dois braços, duas mãos
duas pernas e dois pés
vinte dedos tortinhos
e unhas, às vezes, roídas
orelhas com dois furos, cada
nariz que não desponta e nem aponta
dentes ortodônticamente corrigidos
e cabelos vermelhos com raízes loiras

sorri
bebe, come, se arrepende
lê, escreve, ouve e dorme
dorme muito, dorme pesado
beija e, às vezes, ama
malha e sua "pra caramba"
pensa, mas tem o impulso como amigo
toma pílula, toma banho de mar, toma cerveja com a vivi
dança desengonçada, cai de noite na lapa, esquece das coisas
e se esquece nas coisas da vida que por ela passa

já beijou primo, já tomou banho de chuva
já chorou com a cara no travesseiro
e morreu por dentro
e renasceu vitoriosa

já fez de conta, já acreditou, já conseguiu
já entendeu, já tentou, já decidiu

é ana molly, ana júlia, ana palindrômica
é a menina ana do fernando e do mar
é a ana que começa a mudar
e mudando ela vai
e mudando, não vai parar
e mudando ela rodopia
a ana boneca de pano
a ana mistério e magia
da franja que esconde os olhos
e das bochechas rosadas e macias

ana, com um "n" ou com dois
fotógrafa de momento, por acidente
futura jornalista renitente

muito prazer,
a ana hoje é tudo que ela quer ser
(a ana sou eu.)