23 de março de 2009

cuidado, cão anti-social.

eu nunca fui anti-social. eu sempre fui tímida, mas eu sempre soube contornar isso com simpatia e prestatividade... se é que isso é uma palavra. eu sempre roí as unhas de nervoso quando mudava de escola ou começava um novo curso, sempre tive aquela péssima sensação de chegar num lugar cheio de rostos desconhecidos e precisar, desesperadamente, interagir com alguns, ao menos. mas eu sempre consegui. porque eu sorria, falava meia dúzia de coisas agradáveis e educadas e oferecia ajuda. sempre. e assim eu conquistava as pessoas e não demorava muito pra me sentir inserida no contexto. nice.

aí eu conheci um monte de gente ao mesmo tempo. tipo um trem parando na plataforma e um monte de gente descendo junta e ficando em volta de mim. assim, sem aviso prévio. um montão de gente. e, de novo, aquela sensação desconfortável de precisar interagir se instalou em mim. e eu pensei que se eu pudesse ser simpática e prestativa, rapidamente eu dominaria a situação. na minha cabeça, ao menos.

eu tentei. de todas as formas que eu podia imaginar, até. eu sorri, eu brinquei, eu ofereci todo tipo de ajuda, eu fotografei, eu dei o ombro, eu fui buscar água, eu ouvi e não respondi quando achei que estava errado e que deveria ter sido respondido. eu respeitei os silêncios e as palavras, mesmo achando muitas delas desnecessariamente colocadas em discursos que, cá entre nós, nunca fizeram nenhum efeito. mas eu agi da melhor maneira possível tentando, ao menos, receber alguma demonstração de respeito e gratidão de volta.

e nada. nadica de nada.

então eu decidi que os seres humanos não mereciam meu esforço. sabe? pra que simpatia se a gente não recebe simpatia de volta? não recebe sorriso, não recebe palavra amiga, não recebe nem uma demonstraçãozinha de respeito ou de agradecimento pelo que a gente fez... então foi assim. e assim eu decidi que eu não ia me esforçar mais mesmo com ninguém. e que se os seres humanos quisessem ver o quão bacana eu posso ser, eles que viessem até mim. eu que não ia mais me dar ao trabalho de ser uma pessoa agradável.

e eu espero que isso explique o meu atual nível de anti-socialidade. não, eu não quero conhecer ninguém. e nem quero ter novos amigos. e nem preciso.

como o caio disse no post sobre a metáfora de felicidade e balões [leiam aqui], eu supervalorizo os balões das pessoas e se eles murcham - e quase constantemente murcham - então não preciso me esforçar pra criar um vínculo com um balão que vai murchar mesmo.

ora bolas. ou balões.